FAZENDA ANGÉLICA
Rio Claro – SP #fazendaantiga
1881
Essa é mais uma fazenda histórica da província de São Paulo. Em 1881, a Fazenda Angélica, como também era conhecida a Fazenda Grão Mogol, tornou-se propriedade de Gualter Martins Pereira, barão de Grão Mogol, migrante de Itacambira Mg. Anterior à produção cafeeira na região, produzia originalmente a cana-de-açúcar, passando, no último quartel do século XIX, ao cultivo do café, cuja comercialização a esta altura já se beneficiava com a implantação da ferrovia.

Em 1880, Gualter construiu o sobrado utilizando-se de mão-de-obra escrava mineira e baiana, estima-se que foram cerca de oitenta escravos trabalhando na empreitada. Constitui-se em exemplar atípico da arquitetura rural paulista, quer pela sua aparência, semelhante aos sobrados baianos urbanos, quer pela técnica construtiva empregada, a alvenaria de pedra, incomum no interior do estado.

A casa sede foi erguida em terreno plano, próxima a uma nascente d'água. Possui uma planta em formato da letra 'L', com dois pavimentos mais um sótão e porão, com uma varanda de grades de ferro e uma escadaria de acesso ao pavimento superior.

No térreo, encontra-se uma cozinha de chão batido, cujas atividades deveriam concentrar-se na retirada de cascas de legumes e frutas, lavagem de verduras, debulha do milho. Também pode ter servido para engomar as vestimentas dos proprietários. Além da cozinha, também apresenta alguns aposentos que podem ter servido como dormitórios das escravas que trabalhavam dentro da casa.

No pavimento superior, também possui uma cozinha e áreas de serviço. Há um fogão de lenha original e a despensa conserva mesas e prateleiras antigas. Na área frontal deste pavimento está a sala de visita com um grande aposento ao lado. Os dormitórios da família estão em uma área intermediária, nas laterais. A sala de jantar ficava aos fundos.

O sótão era composto de dois dormitórios com duas alcovas, uma novidade para a época. Os sótãos não era comum nas residências de São Paulo, eles começaram a surgir somente após a década de 1890.

Livro do Tombo Histórico:  inscrição nº 232, p. 63, 20/01/1987
Fonte Jamil Nassif Abib