Fazenda Babilônia

Resumo Histórico

FAZENDA BABILÔNIA
Resende - RJ #fazenda364

1850*
Localizada no lugar hoje conhecido como “Boca do Leão”, a Fazenda da Babilônia foi, no século XIX, uma das propriedades de D. Maria Benedita Gonçalves Martins, que chegou a possuir mais de dez fazendas em diferentes áreas do município de Resende.

Maria Benedita Gonçalves Martins tornou-se quase uma lenda em Resende. Numa sociedade basicamente comandada por senhores de escravos, onde por força da lei as mulheres tinham seus direitos reduzidos a quase nada, algumas, por força das circunstâncias, conseguiram ocupar papel de destaque na influente sociedade fazendeira do Vale do Paraíba. Esse foi o caso de Maria Benedita Gonçalves Martins, que herdou terras e cafezais do marido e em estado de viuvez atuou por diversos anos em distintas atividades empresariais, culturais e sociais em Resende. Ela foi sem dúvida uma das mulheres mais empreendedoras na região do Vale do Paraíba, pois chegou a ser conhecida pela alcunha de “a Rainha do Café”, dona e dirigente de cerca de dez fazendas, que totalizavam uma produção de 40.000 arrobas ao ano.

Nasceu em Resende em 1809, filha do tropeiro e depois cafeicultor comendador Manoel Gonçalves Martins, com a índia Puri Ana Maria Tereza de Jesus. Casou-se com Joaquim José Martins, também grande proprietário de fazendas na região, com quem teve nove filhos. Faleceu em 1881. Foi proprietária, além da Fazenda da Babilônia, de outras como: “da Serra”, “da Cachoeira”, “do Tanque”, “do Penedo” e a chamada “Fazenda Velha”. Outro exemplo do dinamismo de D. Maria Benedita Gonçalves Martins, responsável por ações bem diferentes daquelas preconizadas por mulheres de sua época, foi a iniciativa da campanha de vacinação em massa, pois havendo o risco de uma série de endemias como a varíola de 1876, ela providenciou o treinamento de vacinadores, bem como a aquisição das vacinas. Colaborou também com doações financeiras e materiais para a construção e manutenção da Santa Casa de Misericórdia de Resende, fundada em 1835. Organizava campanhas, festas, quermesses, bingos, cujos recursos arrecadados eram destinados por ela à causa da educação no município. Aos jovens estudantes deu especial atenção, principalmente aqueles com dificuldades financeiras. Como a maioria era aspirante à formação de médico e advogado, cursos que só existiam na Corte ou em São Paulo, ela procurava ajudá-los, bem como aqueles que gostariam de seguir a carreira sacerdotal, encaminhando-os a Ouro Preto, Diamantina, Mariana e a outros seminários em Minas Gerais.

Criou uma banda de música formada por seus escravos, que ficou famosa graças à sua habilidade. Seu regente era um negro contratado em Bananal, por intermédio do barão de Bananal, que também teve uma banda no mesmo estilo. Os ensaios, geralmente realizados na Fazenda da Serra, eram feitos com instrumentos trazidos da Europa e uniformes feitos no Rio de Janeiro, ao estilo das fardas usadas pelas milícias, com polainas e quepes. Sua banda passou a ser presença obrigatória nas festas realizadas por ela no seu sobrado em Resende, em suas fazendas e, também, nas celebrações religiosas e cívicas.

Por ocasião de seu falecimento, a Fazenda da Babilônia coube a seu filho Antônio Augusto Martins, que, assim como sua mãe, foi também um dos maiores produtores de café em Resende.

Em 1885, realizou-se em Resende uma Exposição Regional entre os produtores, que contou com participação de 66 expositores resendenses, com produção variando de cem a dez mil arrobas. A maioria utilizava as máquinas “Lidgerwood” para beneficiamento de seus produtos. Entre os expositores estava Antônio Augusto Martins, que nesse ano exportava em média 5.000 arrobas de café.

Na década de 1940, Antônio Durcésio Mello e Lelé Caldeira compraram a fazenda que pertencia, então, a Francisco Lopes, dando continuidade à fabricação da famosa cachaça com a marca Babilônia. Foi da pedreira existente nesta fazenda que saíram as pedras de calçamento de várias ruas da cidade de Resende. Em 1999, ainda pertencia à senhora Noêmia Mello, viúva de Durcésio Mello.

Fonte: InstitutoCidadeViva

Visitação

Não

Hospedagem

Não

Eventos

Não

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