Fazenda Boa Esperança

Resumo Histórico

FAZENDA BOA ESPERANÇA

Três Ilhas, Belmiro Braga - MG  #fazenda372

1850

Tive o privilégio de conhecer essa belíssima fazenda e também o querido Sr. Maurício, um homem que se dedica a preservar esse local como pode e no limite dos seus recursos. Parabéns a esse guardião que merece nosso apoio e nossa gratidão.

A trajetória de uma fazenda nem sempre é iniciada por aquele que primeiramente ocupou as terras. A história da fazenda Boa Esperança começa no início do século XIX, com a concessão em sesmarias ao guarda-mor João Francisco de Souza, que, mais tarde, a vende a Antônio Bernardino de Barros. Este então resolve deixar sob a administração de seu irmão Gabriel José de Barros as terras dos fundos, as quais foi dado o nome de fazenda São Miguel, por seu administrador. Nas terras às margens do Rio Preto, Antônio Bernardino de Barros estabelece a fazenda Três Ilhas. Antônio Bernardino de Barros, filho do capitão José de Barros Monteiro e de dona Ana Thereza de Assumpção, casa-se, em 1813, com dona Fausta Emerenciana de Moura, filha de José Francisco de Moura e Antônia Joaquina de Oliveira. Dessa união nasceram muitos filhos, que mais tarde tornaram-se homens importantes na economia e na sociedade da região de Juiz de Fora.

Antônio Bernardino de Barros, derrubou matas, plantou café, construiu a casa de moradia, senzalas e toda a estrutura para o beneficiamento do café e a criação de animais. Em 1850, por ocasião da abertura do inventário post-mortem de Antônio Bernardino, que teve como inventariante seu filho Francisco Bernardino de Barros, as terras das fazendas da região foram repartidas entre seus herdeiros, cabendo a Gabriel Antônio de Barros, futuro barão de São João Del Rey, a fazenda a qual denominou de São Gabriel, e a seu irmão José Bernardino de Barros, futuro barão das Três Ilhas, a fazenda Boa Esperança. Os outros irmãos foram se estabelecer em terras na região de Miracema, onde também fundaram algumas fazendas de café. José Bernardino de Barros, conhecido como um homem de hábitos requintados, iniciou a construção da casa de moradia com o que de mais luxuoso existia na época.

E lá foi viver com a esposa, dona Maria da Conceição Monteiro da Silva. Tudo parecia transcorrer muito bem até o falecimento de dona Maria da Conceição, em 1875, quando então, no inventário post-mortem, constatou-se que o casal possuía uma fortuna espantosa, que chegava ao monte mor de 1:298:121$600 contos; além de 265 escravos avaliados em 521:800$000, aproximadamente 726 mil pés de cafés, que valiam 339:000$000 contos de réis, e 470 alqueires de terras. No entanto, toda essa fortuna já estava comprometida com vários credores — 42 no total —, entre eles alguns membros da própria família como seu irmão Francisco, pois, em 1879, prestes a ver todos os seus bens penhorados para pagar dívidas, seu irmão Gabriel propôs uma reunião em casa do então barão de Santa Mafalda, José Maria de Cerqueira Vale, e decidiram fazer uma escritura, colocando algumas condições de pagamento a José Bernardino de Barros: pelo menos 50% das dívidas seriam pagos num prazo de cinco anos, deixando em mãos de seus irmãos Gabriel Antônio de Barros e Francisco Bernardino de Barros a administração de todas as suas propriedades.

Ao longo dos cinco anos, Gabriel foi aos poucos pagando alguns credores e, findo o prazo determinado para a quitação dos 50% das dívidas que não foram saldadas, o restante dos bens foram a leilão. Porém, mais uma vez, para ajudar o irmão, Gabriel arremata todos os bens, inclusive os cativos, o que não deixou de ser surpreendente, uma vez que já se estava às vésperas da abolição do trabalho escravo no Brasil. Salvo os bens, o barão das Três Ilhas, permaneceu residindo na fazenda Boa Esperança — até seu falecimento, em 1915 —, e casou seu único filho, Antônio Bernardino Monteiro de Barros, que havia ficado viúvo recentemente de dona Belarmina Alves Barbosa, com a única herdeira do barão de São João Del Rei, sua filha, dona Gabriela Sebastiana. Após o falecimento dos barões de São João Del Rei e das Três Ilhas, Antônio Bernardino Monteiro de Barros passou a ser o único proprietário da fazenda Boa Esperança, até 1931, quando morreu, alguns meses após sua esposa. Atendendo o pedido de Antônio, a Boa Esperança foi sorteada entre seus filhos, e sua filha Ana Helena Monteiro de Barros tornou-se assim a proprietária da fazenda O café perdeu seu apogeu na região, o gado leiteiro invadiu a grande maioria das fazendas cafeeiras do século XIX, mas as terras continuam até nossos dias nas mãos de um dos descendentes do barão das Três Ilhas e do barão de São João Del Rei, o bravo preservador dos bens de seus ancestrais, o Sr. Maurício Antônio Monteiro de Barros.

Fonte: Profª Leila Alegrio Vilela @paulo_victor_fa

Visitação

Sim

Hospedagem

Não

Eventos

Não

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