Fazenda Santo Antônio do Paiol

Resumo Histórico

FAZENDA SANTO ANTÔNIO DO PAIOL
Valença - RJ #fazenda42

1850
A Fazenda Santo Antonio do Paiol pertenceu ao comendador Manoel Antonio Esteves, negociante em Vassouras que depois casou-se com a filha de Francisco Martins Pimentel Fazendeiro de café que possuía vastas terras em Valença e deu as de Santo Antonio como dote de casamento. Manoel construiu a sede desta fazenda entre 1840 e 1850.
Manoel Antonio Esteves foi um dos grandes investidores na fundação da Ferrovia União Valenciana inaugurada em 1871 e que lhe rendeu a comenda de Cavalheiro da Ordem da Rosa.
A fazenda possui grande acervo de valor histórico e mantém um museu relativo a vida da propriedade no século XIX e XX, acervo este cuidadosamente preservado pela última pessoa da familia Esteves Sra. Francisca.
Atualmente, com uma área de aproximadamente 30 alqueires, a fazenda pertence a uma entidade religiosa, dom Orione da Divina Providência, e tem como principal atividade econômica, a pecuária leiteira, uma pequena lavoura de café, retiros religiosos e turismo cultural.

 

O casarão da Fazenda Santo Antônio, em estilo neoclássico, possui planta em U com pátio interno, situada próxima a um conjunto de edificações, onde outrora funcionava a senzala. Construção de um pavimento sobre porão alto por onde se faz o acesso à casa. A base da construção é saliente, com cunhais nas extremidades.

A Fazenda Santo Antônio foi aberta em terras da sesmaria concedida em 1814 a João Soares Pinho. Alguns anos depois, foram adquiridas por Francisco Martins Pimentel, que já estaria estabelecido na vizinha sesmaria de Santa Tereza.

Em 1850 casava-se, no Oratório de Santa Teresa, Francisca, filha de Pimentel, com Manoel Antônio Esteves, recebendo como dote a Fazenda Santo Antônio do Paiol. Seria a segunda e a mais próspera fase daquele estabelecimento cafeeiro. Terminada em 1852, a casa foi dotada com todos os requisitos exigidos de uma fazenda de café do ciclo. Desenvolvendo profícua atividade, Esteves ampliou os cafezais e adquiriu novas fazendas, chegando a possuir seiscentos escravos. Além disso, operava no Rio e em Santos com a firma exportadora Esteves & Filhos. Após a morte de Manoel Antônio Esteves, sucede-lhe na administração dos negócios o filho Francisco Martins Esteves, pessoa de cultura e hábitos refinados, que se casa com Ana Carolina, filha do conselheiro e ministro do Império Zacarias de Góes e Vasconcelos. Francisco passa a direção da Santo Antônio juntamente com seu filho, Marcos Esteves, depois seu sucessor na fazenda em franca decadência.

Em meio as maiores dificuldades, os Esteves se desfazem de parte das terras, com o propósito de assegurar a manutenção das benfeitorias. Marcos morreria precocemente em 1941 e sua viúva Francisca de Queiroz Esteves, desde então desenvolveu esforço que deve ser enaltecido, pois lutou determinadamente para preservar como pôde todo o acervo móvel e imóvel da fazenda. Em 1969, já idosa, toma a deliberação de doá-la a uma entidade religiosa, a Congregação da Pequena Obra da Divina Providência, fundada por São Luís Orione, um padre italiano. Até aos dias de hoje a Congregação de Dom Orione é a proprietária da Fazenda Santo Antônio.

Atualmente a fazenda se dedica a agricultura e pecuária, e também as atividades de turismo cultural e um centro de Espiritualidade Dom Orione que acolhe grupos para retiros espirituais.

 

Em 21 de janeiro de 2003 foi inaugurado o Eremitério Frei Ave Maria, um mosteiro onde os frades vivem a vida contemplativa no silêncio na oração e no trabalho. Os religiosos filhos de São Luís Orione continuam com zelo a preservação do patrimônio deixado pela família Esteves e sem nenhuma ajuda governamental vem conservando todo o riquíssimo acervo da fazenda, todo original, para que se mantenha viva uma parte da história do Vale do café.

MANOEL ANTÔNIO ESTEVES E A UNIÃO VALENCIANA

            Um personagem de destaque na História de Valença no século XIX foi quase que totalmente esquecido, apesar de ter o seu nome perpetuado em um dos bairros da cidade. Trata-se do Comendador Manoel Antônio Esteves, responsável pela construção da linha férrea União Valenciana.

            Manoel Antônio Esteves nasceu em 27 de setembro de 1813, na Freguesia do Merufe (região do Rio Minho, ao norte de Portugal),  Termo da Monção, Arcebispado de Braga, sendo filho legítimo de Lourenço José Esteves e Domingas Gonçalves. Não é conhecida com exatidão a data em que veio para o Brasil e nem os motivos que o trouxeram para cá. Porém, a partir da análise de sua correspondência, encontramos que, já em 1845, encontrava-se estabelecido no Brasil, mais especificamente na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de Vassouras, onde possuía uma casa comercial e fazia negócios com importantes fazendeiros de café, como os irmãos Laureano Corrêa e Castro (feito Barão de Campo Belo em 1854) e Pedro Corrêa e Castro (Barão do Tinguá em 1848), de importante e ilustre família na aristocrática sociedade vassourense e vale paraibana.

            Em 04 de outubro de 1850, casou-se na vizinha Freguesia de Nossa Senhora da Glória de Valença com Maria Francisca das Dores, filha legítima de Francisco Martins Pimentel, açoreano da Ilha de São Miguel, e de Clara Maria Dutra, proprietários de terras na região da Vila de Valença. Então com 37 anos, Manoel Esteves já havia se tornado um comerciante conhecido e, através do matrimônio, unia-se a uma família de fazendeiros, recebendo como dote de casamento a conhecida Fazenda Santo Antônio do Paiol, tendo mandado construir nova sede para a mesma, a qual fica pronta em 1853, quando ele se retira definitivamente da Vila de Vassouras, passando a residir em sua propriedade em Valença.

            Estabelecido em Valença, logo se torna pessoa de confiança de outros importantes membros da elite local, aqui destacando-se a Marquesa de Valença, que mantinha com ele boas relações, chegando a nomeá-lo como seu procurador a fim de cuidar dos negócios referentes às suas propriedades, notadamente a Fazenda das Coroas. Sua principal realização na cidade, no entanto, foi a construção da linha férrea União Valenciana.

Graças aos esforços de Manoel Esteves, juntamente com a Câmara Municipal de Valença, e sendo ele um dos principais patrocinadores, foi construída a Estrada de Ferro União Valenciana, a primeira linha férrea de bitola estreita do país, que ligava Valença à Estação de Desengano, atual Distrito de Barão de Juparanã e, conseqüentemente, ao ramal da Estrada de Ferro D. Pedro II, que levava à capital. A União Valenciana foi aberta ao tráfego em 18 de maio de 1871, com a presença do imperador na solenidade de inauguração com sua comitiva. Manoel Esteves, devido ao seu “trabalho em benefício da economia local”, facilitando o escoamento do café para o Rio de Janeiro, recebeu, em 21 de junho de 1871, a comenda da Ordem da Rosa pelas mãos da Princesa Isabel, então regente. Ele ainda construiu, por conta própria, uma estação próxima à sua fazenda, a qual ficou conhecida como Estação de Esteves, persistindo tal denominação até hoje.

Leoni Iório, ainda que no feitio narrativo próprio do período em que escreveu, descreve a participação de Manoel Esteves no processo de construção da ferrovia supracitada:

“Abrindo aqui um parêntesis, orgulha-nos o fato de que, ao Comendador Esteves, foi conferido, pelo Governo Imperial, o título honorífico, em virtude de decisivo esforço e serviços de benemerência com que cooperou na efetivação da construção da E. F. União Valenciana. O Comendador Esteves foi, inegavelmente, um dos baluartes dessa ferrovia, e mereceu, por isso, elogio honroso da Corte, cujo documento, datado de 21 de junho de 1871, está assim redigido: – ‘A princesa Imperial, regente, em nome do Imperador o senhor D. Pedro Segundo, resolve nomear oficial da ordem da Rosa a Manoel Antônio Esteves, pelos serviços relevantes prestados na construção da Estrada de Ferro de Valença que, por iniciativa particular e sem auxílio do Governo, levou a efeito tão útil melhoramento para a agricultura do país’”.

Como proprietário da Fazenda Santo Antônio do Paiol, Manoel Esteves tinha interesse em custear a construção da estrada de ferro, que facilitaria o escoamento da produção de café. Outros produtores a ele se juntaram com o mesmo objetivo. Foi também provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Valença, cargo que ocupou por pouco tempo, uma vez que foi eleito em finais de 1878 e veio a falecer em maio do ano seguinte, em sua casa no Rio de Janeiro, tendo sido sepultado no mausoléu da Família Esteves no Cemitério São João Batista.

Assim sendo, ele marcou sua presença na região, contribuindo para o desenvolvimento da mesma e se tornou um destacado membro do que se convencionou chamar de “boa sociedade”. Uma de suas fazendas, a Santo Antônio do Paiol, no Bairro de Esteves, guarda boa parte de sua história e merece ser visitada e conhecida, como um dos marcos ainda existentes do que foi o ciclo do café no período oitocentista no Brasil.

 

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Ano

1850

Visitação

Sim

Hospedagem

Sim

Eventos

Sim

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