Fazenda São Lourenço
Resumo Histórico
Conforme o registro paroquial de terras declarado por seu proprietário, comendador Francisco José dos Reis, no ano de 1855, a Fazenda São Lourenço possuía uma sesmaria de meia légua em quadra e ¼ de outra. Segundo Reis, a fazenda foi adquirida por escritura de compra feita a Henrique Hetric como procurador da vendedora, sra. Joaquina Claudina Ludolf, Manoel José Bandeira, José Grabi, José Martins e os herdeiros do finado Carlos Emiliano de Souza. Reis declara também que esta sociedade abrangia o major Francisco Manoel de Abreu.
Segundo informações fornecidas por Júnior Fajardo e Plínio Fajardo Alvim², a Fazenda São Lourenço foi construída na segunda metade do século XIX, em 1865, e era considerada uma das maiores produtoras de café da região. Foi adquirida em 1918, pelo major Francisco Fajardo de Mello Campos, casado com Ambrósia Esméria de Campos, com quem teve treze filhos.
O major Chico Fajardo, como era conhecido, nasceu em 22 de setembro de 1855 no distrito de Piedade (atual Piacatuba), pertencente ao município de Lepoldina – MG. Era neto do barão do Rio Pardo e importante fazendeiro de Piedade, sendo também proprietário da Fazenda Santa Fé. Foi nomeado para a Guarda Nacional, em 1897, como capitão, e mais tarde promovido a major, tendo ainda ocupado o cargo de vereador geral em Leopoldina.
Nascido em família de origem espanhola, foi descendente do marquês de Los Velez, D. Pedro Fajardo, em um clã que se destacou nos meios políticos e sociais de Minas Gerais.
Vários motivos levaram o major Chico Fajardo a vender todos os seus bens e em companhia de seus filhos solteiros, transferir-se para o distrito de Porto Velho. Em 1918, veio a comprar a Fazenda São Lourenço por 90 contos de réis, ”de porteira fechada”, seus 400 alqueires de terra cultivável e parte do mobiliário original do antigo proprietário. A extensão de terra da São Lourenço atingia alguns distritos de Carmo, como Porto Velho, Posse, Ilha dos Pombos e Prata.
Na década de 20, parte das terras da fazenda foram vendidas para a construção da Usina Hidrelétrica da Light and Power, projetada pelo engenheiro Asa W.K.Billings, tendo sido a madeira necessária para a execução do empreendimento fornecida pela São Lourenço.
Plínio Fajardo relata que “a Fazenda São Lourenço contava com belas janelas de venezianas e guilhotinas à moda européia, teto com acabamento mais detalhado pelas sancas, paredes revestidas com acabamentos de florais ou temáticos, condizentes com os cômodos e suas funções e o beiral, arrematado com telhas de louça pintadas à mão, o que resultava numa aparência ornamentada”.
Além da bela sede, a fazenda possuía ao redor dos seus terreiros de café, várias edificações do trato rural e principalmente, as que davam suporte na produção cafeeira, incluindo um vagonete ou manobreira sobre trilhos para transportar o café.
O major ficou conhecido na região por suas festas memoráveis, com várias bandas de música e muita fartura. Se foi em 22 de maio de 1926, vitimado pela picada de uma cobra jararaca. Considerado um respeitável benfeitor, muito querido por todos, foi responsável pela cessão do terreno onde foi instalado o Cemitério de Porto Velho. Posteriormente, homenageando a sua memória, a principal rua do distrito recebeu o seu nome.
A fazenda ficou, então, sob os cuidados de um de seus treze filhos, Faníbio Fajardo de Mello Campos, que nela morou até a transferência para seu irmão Flamínio Fajardo de Mello Campos, e permanece até hoje sob os cuidados dessa família.
Não se sabe ao certo, em que época ruiu ou foram demolidas as edificações contíguas ao casarão da fazenda. Foi relatado, no entanto, que a parte da casa-sede que foi demolida era uma construção anexa, assobradada, onde ficava a antiga cozinha e outros cômodos de serviço.
Fonte: Inepac e @paulo_victor_fa
MAJOR FRANCISCO FAJARDO DE MELLO CAMPOS(Por Plínio F.Alvim)
Francisco Fajardo de Mello Campos nasceu no Distrito de Piedade (atual Piacatuba), pertencente ao município de Leopoldina-MG, no dia 22 de setembro de 1855, filho do Capitão José Fajardo de Mello e Maria Bíblia de Campos (Bia). Seu pai foi proprietário da Fazenda Santa Fé, além de Vereador à Intendência de Leopoldina e Presidente do Conselho Distrital de Piedade. Sua mãe era filha única de Joaquim Honório de Campos e Maria Clara Mendes (Campos).
Seu bisavô paterno, Manoel de Mello Costa, era sesmeiro em Prados-MG e primo – em primeiro grau – de Francisco José de Mello, inconfidente mineiro, morto na prisão antes do julgamento. Manoel de Mello Costa também era primo de Dona Hypólita Jacyntha Teixeira de Mello - o principal vulto feminino da Conjuração Mineira, com participação ativa no movimento; esposa do também conjurado Coronel Francisco Antonio de Oliveira Lopes, condenado ao degredo, em Bié, Angola (África), onde faleceu.
O Major Fajardo recebeu o nome de Francisco, provavelmente, em homenagem a seus primos rebeldes e a seu avô paterno, Capitão Francisco Fajardo de Mello, casado com Brígida Cândida de Jesus. O casal teria recebido em sua Fazenda do Córrego Fundo, em Carandaí-MG, a visita do Imperador Dom Pedro I, quando de sua jornada à então província mineira, poucos meses antes da Proclamação da Independência, em 1822. Brígida Cândida era sobrinha de Caetano Gomes Figueira que foi casado com Theresa Maria de Jesus, irmã e tia, respectivamente, dos também conjurados José de Rezende Costa e José de Rezende Costa, filho.
O avô materno do Major Fajardo, como já citado, era o Sr. Joaquim Honório de Campos, fazendeiro e político em Piedade e em Leopoldina, distinguido com o título de Barão do Rio Pardo, em 1872, por serviços prestados à instrução pública naquele rincão mineiro.
Entre os antepassados do Major Fajardo também merece destaque o bisavô materno, Domingos Henriques de Gusmão, pai da Baronesa do Rio Pardo. Domingos Henriques foi grande fazendeiro em ‘Piedade da Leopoldina’ e principal benfeitor da construção da Igreja Matriz da localidade – datada de 1857; além de Vereador à Primeira Câmara Municipal São João Nepomuceno-MG, município do qual foi um dos fundadores (Vide matéria deste autor, publicada neste portal).
Por decreto de 3 de dezembro de 1897, Francisco Fajardo de Mello Campos foi nomeado para a Guarda Nacional, assumindo o Posto de Capitão da 2ª Companhia do 71º Batalhão de Infantaria da 24ª Brigada de Infantaria da Comarca da Leopoldina, Estado de Minas Gerais. Mais tarde, seria promovido a Major.
Desde meados do século XIX, e até as primeiras décadas do séc. XX, os familiares do Major Fajardo formaram um clã que se destacou nos meios políticos, econômicos e sociais de Leopoldina-MG e região, como típicos representantes da oligarquia agrária que caracterizava o universo do interior mineiro e fluminense, de então. Também merecem menção os seus irmãos Cel. Joaquim Fajardo de Mello Campos e Major José Fajardo de Mello Campos, o seu cunhado e primo Cel. Roberto de Souza Almada (Fajardo, pelo lado materno), e os seus sobrinhos Cel. Olivier Fajardo de Paiva Campos e Cap. Américo de Souza Almada, todos eles importantes líderes políticos em Leopoldina, MG, no período mencionado.
No pleito de 1915, o Major Francisco Fajardo de Mello Campos foi eleito Vereador Geral à Câmara Municipal de Leopoldina. Nessa mesma disputa foram também eleitos vereadores os seus sobrinhos acima citados – o primeiro, Olivier Fajardo, Vereador Especial pelo Distrito da Cidade, e o segundo, Américo Almada, Vereador Especial pelo Distrito da Piedade. Nesse mesmo ano faleceu Ambrosina Esméria de Campos, esposa do Major Francisco Fajardo – que era irmã de Maria Esméria de Campos (Sinhá), esposa do Major José Fajardo de Mello Campos, irmão do Major Francisco Fajardo.
- De Piacatuba para a Serra Fluminense - Em 1918, após sérios desentendimentos políticos com seu sobrinho Olivier Fajardo - que o deixaram bastante abalado - e ainda abatido com a perda da esposa, o Major Francisco Fajardo, apesar da idade avançada, tomou uma decisão radical: vendeu todos os seus bens, em Piedade, inclusive a Fazenda Santa Fé - onde residia, e que pertencera a seus pais. Em companhia de seus filhos ainda solteiros, transferiu-se para o Distrito de Porto Velho, no Município de Carmo-RJ, onde adquiriu a Fazenda São Lourenço - “de porteira fechada”, com cerca de 400 alqueires, pelo valor de ‘Noventa Contos de Réis’. A sede da fazenda – datada de 1865 e ainda existente - é bem representativa do fausto característico das vivendas dos senhores rurais do Ciclo do Café, na Serra Fluminense e na vizinha Mata Mineira.
Graças à sua postura de homem correto, respeitado e admirado em todos os ambientes que freqüentava, além das demais qualidades herdadas de seus ancestrais e cultivadas no seio familiar, o Major Francisco Fajardo conquistou a simpatia e a amizade de seus vizinhos carmenses. Em princípios da década de 1920 foi acordada a venda de parte de suas terras para a construção da “Usina Hidrelétrica da Light and Power” (Ilha dos Pombos), para a qual também forneceu toda a madeira necessária à conclusão do empreendimento - obra projetada e construída pelo Engenheiro Asa W. K. Billings, que também respondeu pelo projeto e pela construção da ‘Represa Billings’, em São Paulo. Francisco Fajardo também teria sido responsável pela cessão do terreno onde foi instalado o Cemitério de Porto Velho-RJ.
Em 22 de maio de 1926, o Major Francisco Fajardo faleceu, vitimado pela picada de uma cobra jararaca, em sua mão, quando, distraidamente, arrancava algumas ervas daninhas do jardim da fazenda. Apesar dos poucos anos que viveu em Porto Velho, o Major Fajardo, com suas virtudes, seu espírito público e sua simplicidade conseguiu conquistar a confiança e a admiração de todos - motivos pelos quais, em homenagem à sua memória, a principal rua do lugar recebeu o seu nome. Alguns anos após o seu falecimento e atendendo a seu último desejo, seus restos mortais foram trasladados para sua saudosa terra natal, Piedade, já então denominada Piacatuba, onde hoje descansam em paz, ao lado de sua amada Ambrosina e de seus irmãos e antepassados.
Do casamento do Major Francisco Fajardo (Vovô Chico, na intimidade familiar) e Ambrosina nasceram treze filhos, alguns dos quais permaneceram em Piacatuba e Leopoldina; e os outros se fixaram em terras carmenses e serra fluminense. Foram seus filhos: Francisco, Fidelcino, Felinto, Faníbio, Francino, Flamínio, Fleuri, Fileto, Fontenelle, Dorvina, Dulce, Dione e Dalma – todos já falecidos. O Major Fajardo é o pioneiro da Família Fajardo na região serrana fluminense. Hoje, muitos de seus inúmeros descendentes são destacados nomes na cultura, nas artes e na política, no Estado e na cidade do Rio de Janeiro, tais como o Deputado Estadual e Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, Gustavo Tutuca, o Presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Arquiteto Washington Fajardo, e o artista plástico J.G.Fajardo.
A Fazenda São Lourenço, depois da morte do Major Fajardo, foi fragmentada entre seus herdeiros e alguns venderam seus quinhões a Flamínio Fajardo, cujos descendentes são seus atuais proprietários. Flamínio exerceu, por três mandatos, a função de vereador à Câmara Municipal de Carmo; e, assim como seu pai, também mereceu o reconhecimento e o carinho dos habitantes de Porto Velho, que deram o seu nome ao Estádio de Futebol da localidade.
Ano
1865
Visitação
Não
Hospedagem
Não
Eventos
Não
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