Fazenda São Lourenço

Resumo Histórico

FAZENDA SÃO LOURENÇO

Valença – RJ #fazendaantiga

1816

A Fazenda São Lourenço surgiu no início do século XIX e foi fundada pelo coronel Lourenço Antônio do Rego, que deu o nome do santo homônimo ao seu ao empreendimento agrícola que acabara de criar, a sesmaria que deu origem à Fazenda São Lourenço, foi solicitada pelo coronel Lourenço Antônio do Rego, à Coroa Portuguesa, em 1809. Porém, a concessão só foi obtida em 1816. Entre 1825/26, Rego procede a medição da sesmaria, como mandava a lei.

A implantação de sua unidade de produção ocorreu em uma pitoresca chapada localizada na Serra do Rio Bonito, em águas vertentes do mesmo rio, antiga aldeia e posteriormente freguesia de Santo Antônio do Rio Bonito, atual distrito de Conservatória, município de Valença.

Tudo indica que o coronel Lourenço Antônio do Rego permaneceu como senhor da fazenda São Lourenço até 1837, quando a vendeu. Em outubro deste mesmo ano celebrou um contrato com a Presidência da Província para obras de melhoramentos e conservação da Estrada da Polícia, no trecho compreendido entre Belém e Rio Preto, no prazo de 8 anos.

Os proprietários seguintes da Fazenda São Lourenço foram os sócios Manuel Correa de Aguiar e José Jerônimo Pereira de Mesquita. Em 1841, abrem um processo judicial de “Aviventação de Rumos”, tentando provar a “invasão” de dois posseiros que teriam se apropriado de cerca de 9 alqueires de terras da propriedade e, com isso, buscam expulsá-los.

Em 1859, a Fazenda São Lourenço foi adquirida pelo então comendador João Gualberto de Carvalho, que no ano seguinte foi agraciado com o título de primeiro barão de Cajuru.

Tudo indica que o barão de Cajurú nunca residiu em São Lourenço, possuindo-a apenas como empreendimento agrícola. Residiu grande parte de sua vida na Fazenda das Bicas, no município do Turvo (atual Andrelândia MG), adquirida por volta de 1830.

O barão de Cajuru faleceu em 21 de fevereiro de 1869.  

Sobre a concessão de tão importante título, tem-se uma curiosa transcrição do atestado de probidade passado a favor do comendador João Gualberto de Carvalho, enviado ao Imperador Pedro II, em 1860:

“Nós, abaixo-assinados atestamos que o comendador João Gualberto de Carvalho, natural da Província de Minas Geraes e residente no Município de Aiuruóca, é um cidadão prestante, distinto por seu patriotismo e probidade, respeitável pai de numerosa família, rico negociante e capitalista, proprietário de muitos bens de raís, entre os quais se inclui a importante Fazenda de cultura denominada S. Lourenço, sita na Província do Rio de Janeiro, que há pouco comprou; e que por estas razões o consideramos muito merecedor de um Título, ou qualquer mercê honorífica que S.M. O Imperador se digne conferir-lhe.

Rio de Janeiro, 9 de Junho de 1860 Herculano Ferreira Penna visconde de Ipanema visconde do Bonfim Jerônimo José de Mesquita”

A enorme distância que separa as duas fazendas não era problema para o barão, que, além de cafeicultor, era negociante de muares. Viajava pelas estradas do Vale constantemente. Estava entre os maiores criadores de muares do Império. Conta a tradição que, nessa atividade tão lucrativa, possuía posição tão privilegiada que a grande feira de Sorocaba, o mais importante centro de vendas e leilões de animais de então, não era oficialmente aberta enquanto o “sisudo” barão não chegasse com sua enorme tropa.

O barão de Cajuru faleceu em 21 de fevereiro de 1869. Logo após a sua morte, a Fazenda São Lourenço foi herdada por seus três filhos, que durante alguns anos formaram uma sociedade na fazenda denominada “Carvalho & Irmãos”. Desfeita a sociedade, a Fazenda São Lourenço passou a ser unicamente do filho herdeiro José Ribeiro de Carvalho, casado com Luísa Leite de Carvalho.

No início da década de 1880, a São Lourenço foi vendida aos irmãos Pedro e Joaquim de Almeida Ramos, também em sociedade na firma “Pedro Ramos & Irmãos”. Pesquisando a trajetória de vida dos dois irmãos, 203 histórico conclui-se que o tenente Pedro de Almeida Ramos era quem lidava diretamente com a fazenda, ou seja, administrava e residia nela. Joaquim de Almeida Ramos, agraciado com o titulo de barão de Almeida Ramos, em 1882, foi bacharel em Direito e comissário de café no Rio de Janeiro. Era ele quem negociava o café produzido em São Lourenço. Faleceu no Rio de Janeiro, em 2 de março de 1885.

O outro irmão, o tenente Pedro de Almeida Ramos, era casado com a prima, Ana Vieira Ramos, com quem teve um único filho, que morreu jovem. Pedro faleceu em 27 de outubro de 1888, deixando seus bens em testamento a esposa e a seus sobrinhos, filhos do barão de Almeida Ramos. O inventário post mortem de Pedro, só foi aberto em 1892.

Em 1892 as terras da Fazenda São Lourenço estavam assim distribuídas: 257 alqueires geométricos de terras, sendo que desta área total, 30 eram ocupados por matas, 47 por capoeirão, 60 por pastos e 120 com cafezais.

Eram cultivados na fazenda 280 mil pés de café de diversas idades. Esses dados comprovam a importância de São Lourenço como uma expressiva uma fazenda produtora de café.

Segundo o historiador e genealogista Roberto Guião de Souza, que realizou um interessante trabalho de pesquisa sobre a Fazenda São Lourenço e sua gente, a fazenda foi adquirida em data imprecisa pelo major Galileu Berfort Arantes e que este a vendeu por volta de 1912, para adquirir a famosa Fazenda do Paraíso, no então município de Santa Tereza (atual Rio das Flores).

O major Galileu Belfort Arantes era sobrinho direto do Visconde de Arantes e sobrinho, por afinidade, do segundo barão de Cajurú, Militão Honório de Carvalho. Ainda nas primeiras décadas do século XX a fazenda foi adquirida por João Ribeiro Ferreira, que passou a administração da propriedade a seu filho Nestor Ribeiro Ferreira. Foi a família que mais tempo permaneceu na posse da fazenda.

Em 1978, São Lourenço foi adquirida, dos cinco herdeiros de Ribeiro Ferreira, pelo Dr. Fernando Tasso Fragoso Pires, juiz aposentado do Tribunal Regional do Trabalho, onde ocupou a vice-presidência e a presidência. Sócio honorário do IHGB, passando a titular em 2005, foi também diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Ex-provedor da Imperial Irmandade de N. Sra. da Glória do Outeiro. Publicou obras de grande relevância para a historia do café no Brasil tais como: Antigas fazendas de café da província fluminense (1980); FazendasSolares da região cafeeira do Brasil Imperial (1986); Antigos engenhos de açúcar no Brasil (1995) e Fazendas - as grandes casas rurais do Brasil (1996). Em 1986, o Dr. Fragoso Pires vendeu São Lourenço ao atual proprietário, que a mantém conforme quando a comprara.

Fonte: Instituto Cidade Viva

Ano

1816

Visitação

Não

Hospedagem

Não

Eventos

Não

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