FAZENDA TRÊS SALTOS
Piraí - RJ #fazenda190

1818
A sede da fazenda possui um retângulo perfeito em volta de um pátio interno fechado. Sua imponente construção em taipa de pilão e adobe foi a principal e primeira fazenda da família do Barão de Piraí, cabeça de sesmaria e uma das edificações rurais pioneiras na região. No baixio desta edificação localizavam-se três terreiros de café. Engenho e tulha encontravam-se mais afastados, a caminho do cemitério. O campo santo, datado de 1818, se derramava sereno sobre uma colina. Pouco mais além, encontra-se a cachoeira dos Três Saltos, na lateral do riacho que corta a propriedade, onde se achava, ainda, outro terreiro de café calçado por lajes de pedra. A implantação configura-se aberta com as construções locadas em linha. As palmeiras-imperiais, ao invés de formarem uma aleia delimitando e indicando o acesso à casa-sede, perfazem um quadrilátero fronteiro a esta: quase uma moldura.

Na parte inferior, grandes portas de duas folhas, intercaladas pelas janelas, conduzem ao interior da morada, todas almofadadas e de elegantes caixilhos nas janelas internas de vidro. Delas o barão vigiava suas colheitas e os escravos que porventura viessem a roubar grãos para vendê-los na estrada. O uso da cor sobre a madeira de portas e janelas era uma constante.

Um antigo porão, hoje desaparecido, era habitável e os acessos são em pedra. Esse porão permite o ingresso a um pátio interno descoberto, uma característica marcante da edificação, que possibilita ventilação e iluminação à parte central da casa, ali há uma escada lavrada em pedra que leva a outra circulação interna existente no pavimento superior.

No passado, a casa era dividida em: setor social; setor de serviço; e área íntima. As salas de vista e “comedor” comunicavam-se visualmente através do pátio interno e varanda dos fundos. Dali também se passava ao jardim interno, delimitado por mureta de contenção da encosta. Também ali, uma cachoeira artificial entretinha os membros da família.

O Barão de Piraí, José Gonçalves de Moraes, nascido em São João Marcos em 1776, foi agraciado em 1841 com o título de Barão de Piraí, possuia cerca de 1.200 escravos e uma produção de 120.000 arrobas de café, tocada pela segunda maior escravaria entre as demais propriedades da época imperial. Curiosamente, o título de Barão foi dos primeiros concedidos pelo imperador Dom Pedro II quando assumiu o trono, com apenas 15 anos.

A história da Fazenda Três Saltos, têm como precursor o padre Joaquim José Gonçalves de Moraes, irmão do Barão, que administrava sozinho as terras doadas por seu pai. Em 1818, o padre chamou José Gonçalves de Moraes para ser sócio na fazenda onde, pouco mais tarde, construiriam a casa-sede, nas proximidades das três quedas de um riacho que por ali passava. Em testamento datado de 1828, o padre legou sua parte na fazenda ao irmão, que, alguns anos mais tarde, passou a ser o único dono da propriedade.

O Barão foi um dos maiores benfeitores da Freguesia de Santana de Piraí. Quando faleceu em 10 de outubro de 1859, na própria fazenda, aos 83 anos, deixou grande fortuna, que compreendia dez fazendas, entre elas Fortaleza, Santa Rita do Bracuhy, Passa Três, Confiança e Poço de Espuma; era ainda possuidor de dois vapores de nomes Piraí e Cecília, atribuídos em homenagem a seus dois grandes amores: sua cidade e sua esposa.
Filho de Antônio Gonçalves de Moraes, português, e Rita Clara de Sousa, filha de um fazendeiro paulista de Itu, Antônio Paula de Sousa, Moraes casou-se com Cecília Pimenta de Almeida Frasão de Sousa Breves. O casal nada tinha de bonito. Ele, magro, de calvas acentuadas, queixo comprido e nariz afilado. Ela usava óculos e era estrábica. Feia, mas de família importante. A Baronesa de Piraí, nascida em 1782 e também falecida na Fazenda Três Saltos, a 6 de julho de 1866, era filha do Capitão-mor José de Sousa Breves, uma das maiores fortunas do Vale. Essa aliança ampliou o poder de Moraes na região. Significou não só enriquecimento, mas prestígio e poder político em Piraí e São João Príncipe.
Fonte: fazendatressaltos.com